O crescimento da energia eólica tem levado vários países a estabelecer, regulamentar e destinar investimentos financeiros para estimular a geração dessa energia renovável. A Região Nordeste, segundo o Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco, é responsável por 86% da produção de energia eólica do Brasil, com destaque para as localizadas no ecossistema da caatinga, que abriga 78% de todas as turbinas instaladas no país.
Mariluze Oliveira Amaral, que atua como gerente de turismo de Sento Sé e coordenadora das associações do interior do município, procura monitorar os impactos ambientais e econômicos gerados pela chegada das empresas.
Quais são os impactos econômicos gerados pelas empresas de energia eólica?
Mariluze: Os impactos econômicos são muitos, principalmente aquelas empresas eólicas que grilaram as terras dos proprietários das comunidades e deixaram a população sem acesso à sua vida normal , sua produção normal, tanto na parte de agricultura familiar como dos garimpos tradicionais e também da criação de caprinos e ovinos nos fundos de pastos.
Como a gestão pública está inserida nesse contexto?
Mariluze: A gestão pública está inserida nesse contexto da seguinte forma: chegam as licenças que não são publicadas como deveriam pelos órgãos ambientais, que são licenciadores, e o município não tem muito o que fazer, a não ser negociar com as empresas para defender as comunidades e, em algum momento, precisa dizer que não tem com a empresa fazer a ocupação de solo por conta dos impactos serem muito grandes. Existem áreas que o município não pode permitir que sejam destruídas. E ao certo, são muitas áreas mas nem sempre o município consegue controlar isso.
Como a população é afetada economicamente com a presença das empresas?
Mariluze: A população é afetada de várias formas. A gente descobre depois que as grandes empresas pegam uma área muito grande no município, segmentam os projetos tanto eólicos como de mineradoras, em pequenas fatias, onde aparentemente não ocorre um impacto maior, não pagam impostos aos municípios e deixam também de pagar os impostos socioambientais, que são obrigadas por determinadas quantidade de área , uma vez que segmentando o projeto do que eles chamam de hold, colocando vários CNPJ’s. As empresas não tém essas obrigações, e portanto a mitigação dos impactos é quase que inexistente.
Como buscar resolver o impasse com a chegada das empresas e garantir ea preservação ambiental?
Mariluze: O Brasil precisa parar e dialogar, buscar as soluções para os seus impactos. Não existe a mínima condição, de estarmos nesses conflitos uns pelo meio ambiente e outros pelos grandes negócios. Precisamos estudar as diversas situações conflitantes, buscar soluções com base em conhecimento e identificar se a tecnologia procura dar conta de barrar e concertar os absurdos. As coisas nem sempre são como são, tem o lado obscuro do interesse e a insanidade está nessa caminhada de zumbis para a própria destruição. Os de grandes negócios querem produzir, lucrar e não têm os devidos cuidados com aqueles que os provê, que é natureza. Os que defendem o meio ambiente querem os produtos dos que o destrói, telefones, energias, água encanada, carros, remédios. Cadê a coerência e a solução desse problemas? Só acredita na causa quem age por ela e volto a repetir ainda temos tempo de nos salvar e nosso planeta. É só unirmos, com conhecimentos, recursos, tecnologia, pessoas e boa vontade.
Reportagem de Beatriz Lopes para a Série “Sertão das eólicas e mineradoras: como a implantação dos empreendimentos pode afetar as comunidades no território Sertão São Francisco”, desenvolvido no componente Redação Jornalística II e Planejamento Visual, ministrados pela professora Andréa Cristiana e Cecílio Bastos, respectivamente.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do Sento Sé Notícias no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.